Enquanto há Tempo



Tudo que li já me esqueci,
Não sei mais ler nem escrever,
só fragmento em palavras erradas aquilo que acredito lembrar.
Isso aqui está tudo errado, não é assim, ou é assim mesmo,
Parece tudo ao contrário e só entendo do avesso,
Ou não entendo nada, nem sei mais quem conheço,
Não conheço ninguém,
Talvez não perceba,
Que essa droga
Deixou de ser só ignorância
É mais ainda egoísmo dessa tristeza oculta...
Estão cavando a própria sepultura com pás banhadas a ouro
Se esqueceram, ou nem sabem
Que a matéria acaba...
É... a matéria não tem vida, mas pra você ela morre!
Seu corpo não vai mais ter brilho, ele ficará escondido.
E sua carne alimentará os vermes que amam a podridão,
Então de que adiantará usar pás de ouro?
Estão apodrecendo nossas almas com a fumaça desses cachimbos,



Estes estão cheios de coisas mortas, e agora querem você por perto
Não deixe a fumaça entrar...
Feche as portas e se proteja,
Estão procurando os espinhos escondidos,
E querem afiá-los mais ainda, não para se proteger,
E sim porque não sabem que eles só ferem a nós mesmos...
Corra, corra depressa, está acabando o tempo
Pegue seu antídoto e beba-o no cálice de pedra,
Ainda há tempo, mas precisa ser forte,
Não olhe para trás para não desistir também
Tem um monte de gente morrendo no caminho,
Mas você pode vencer!
Os sintetizadores compreendem e expressam a tristeza.
Você não precisará enfeitar seu corpo quando sua alma não estiver mais nele.
Não poupe o bem que pode partilhar
Não coma todas essas flores, algumas não são para você,
Se vir uma luz a siga!
Ainda há tempo, mas corra depressa
Nem precisará sair do lugar,
É só querer...
Pense no que está presente em ti, mas está ausente em outros.
E, por fim, pare de procurar saídas em lugares fechados,
Volte pela porta que entrou...
Não precisará de provas se provar para si mesmo
Faça tudo ao contrário...
O que você pensava te dar forças, só estava te matando!
Mas ainda existe forças onde parece haver só morte...
Compreenda o que se faz necessário
Ou nem sequer se esforce, mas se cubra...
Se cubra com suas falsas emoções
E viva esse momento tão prático
Que parece te salvar em certa noite,
mas te destrói nos demais dias
Você que não percebe,
ou finge não perceber...
Ainda pode enxergar alegrias,
Antes ou depois de morrer!
[R. Tavares - (Príncipe)]