As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
Depois daquela noite não planejada,
Onde tentei resolver o que me incomodava,
Quando tu pensavas esclarecer-me o que antes ocultara,
E voltastes atrás naquela estranha madrugada.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi ...
O começo foi melhor que o fim,
Tentando juntar quebra-cabeças, ocorreu-se assim...
Se por transparência e afeto nunca procurastes,
Somente em superficiais noites encontrarias a mim.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
Entre linhas eu disse:
“Comigo não precisas usar máscaras,
é a essência o que me esforço a enxergar.”
Mas acordei ao lado de onde máscaras caíam.
E era justamente o que eu queria evitar.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
Não julgo, pois poderiam ser máscaras benignas
Das que insegurança e fragilidades podem proteger
Mas sendo ou não, foi no que me fez acreditar,
E o que foi possível fiz para me precaver.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
Mas saiba que os bons momentos valeram muito mais
Sejam eles curtos ou longos, não importa...
Pois de Anúbis a Hamlet a arte far-me-á sempre envolver
E, acredite, em armadilhas mortais já imaginei morrer.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
E o que me fazia lembrar de mim mesmo
Agora faz-me lembrar de ti,
E o que em afinidade explícito foi
Te trará à lembrança o que não omiti.
As máscaras estão caindo, foi o que ouvi...
E desejaria que fosse apenas o ouvir,
Como algo totalmente desprovido do sentir,
Pois pretendo nunca deixar de desejar-te o bem
Só tentei pensar em ti como alguém que está além!
[R. Tavares - (Príncipe)]