O monstro de um beco pútrido que impeliste fora,
Mas só porque amei e,
Se amar é matar, antes de amar prezei,
Já que não quis matar como
Causando-me prazer, hoje me matas.
Pelo amor que é dor, a dor que se quer ter,
Mas que, convenientemente, pensas não querer.
Jaz aqui aquele que morreu, quando do desejo teu
Fez parte e, por parte fazer, em partes se desfez,
E tudo se partiu, mas não se repartiu,
Dispersas partes cá, dançando neste vão,
Pairando no vazio, tentando se encontrar,
Perdido me deixou... Como os pedaços que partiu.
Não sabes, nem eu sabia
Não vês... Nem eu via.
Não vês que estás a realizar o meu desejo
Sim, o meu desejo, não minha vontade, o meu desejo.
Minha vontade satisfazer fácil seria
E o intento poderia ser efêmero.
Estou a vivenciar o gozo
De um desejo realizado;
O movimento harmonioso
De constatar o inesperado.
O tempo todo sendo amado, adorado...
Lutando contra o potencial de déspota
Há em mim o dominador mortal...
Há em mim o romântico imortal,
Que almeja a luta pelo impossível
E o que há de mais impossível do que conquistar
Quem nesta hora diz que já não pode amar?
Não, nunca quero nem desejo ser maltratado,
Nem desrespeitado, isso nunca!
O que quero mesmo é amar mais... Mais do que me amas!
Ser seu cavalheiro, te conquistar após batalhas!
Já não me basta ser amado, desejei quem tornasse
Glorificado o amor que sinto.
Sinto-me salvo e me satisfaz,
Saber que posso amar mais...
Mesmo que seja ilusão.
Ah, era isso que eu desejava!
Pensar que não sou amado,
Pensar que não me desejas,
Que, tão nobre, sou um reles.
Não mudaria nada... Completamente nada no passado.
Porque o existir desse presente assim é que foi formado,
Não previamente calculado, inusitado, é o agora.
Não gostaria e nem poderia mudar o futuro também,
O futuro, no presente, já é a transformação constante
E no virar da ampulheta, só poderá perpetuar mutante.
O poeta romântico e a perversão de ter
O divino amor para em poesia viver,
Um amor que mata e por ir matando...
O mantém vivo para continuar amando.
[R. Tavares]
Mas só porque amei e,
Se amar é matar, antes de amar prezei,
Já que não quis matar como
Causando-me prazer, hoje me matas.
Pelo amor que é dor, a dor que se quer ter,
Mas que, convenientemente, pensas não querer.
Jaz aqui aquele que morreu, quando do desejo teu
Fez parte e, por parte fazer, em partes se desfez,
E tudo se partiu, mas não se repartiu,
Dispersas partes cá, dançando neste vão,
Pairando no vazio, tentando se encontrar,
Perdido me deixou... Como os pedaços que partiu.
Não sabes, nem eu sabia
Não vês... Nem eu via.
Não vês que estás a realizar o meu desejo
Sim, o meu desejo, não minha vontade, o meu desejo.
Minha vontade satisfazer fácil seria
E o intento poderia ser efêmero.
Estou a vivenciar o gozo
De um desejo realizado;
O movimento harmonioso
De constatar o inesperado.
O tempo todo sendo amado, adorado...
Lutando contra o potencial de déspota
Há em mim o dominador mortal...
Há em mim o romântico imortal,
Que almeja a luta pelo impossível
E o que há de mais impossível do que conquistar
Quem nesta hora diz que já não pode amar?
Não, nunca quero nem desejo ser maltratado,
Nem desrespeitado, isso nunca!
O que quero mesmo é amar mais... Mais do que me amas!
Ser seu cavalheiro, te conquistar após batalhas!
Já não me basta ser amado, desejei quem tornasse
Glorificado o amor que sinto.
Sinto-me salvo e me satisfaz,
Saber que posso amar mais...
Mesmo que seja ilusão.
Ah, era isso que eu desejava!
Pensar que não sou amado,
Pensar que não me desejas,
Que, tão nobre, sou um reles.
Não mudaria nada... Completamente nada no passado.
Porque o existir desse presente assim é que foi formado,
Não previamente calculado, inusitado, é o agora.
Não gostaria e nem poderia mudar o futuro também,
O futuro, no presente, já é a transformação constante
E no virar da ampulheta, só poderá perpetuar mutante.
O poeta romântico e a perversão de ter
O divino amor para em poesia viver,
Um amor que mata e por ir matando...
O mantém vivo para continuar amando.
[R. Tavares]
